segunda-feira, 19 de abril de 2010

Testemunho

“Viver a experiência de Deus”

Tudo começou com o sonho de alguém à 25 anos atrás e esse sonho hoje é uma realidade. Assim como o é, pertencer à grande família de Moral da Escola Secundária de Peniche. Na nossa vida há coisas que nos marcam profundamente e a XXVª foi uma delas.
Foram os melhores quatros dias da minha vida, senti um misto de sensações que ainda hoje não consigo explicar. Cantei, ri, chorei, fiz silêncio, ajudei, fui ajudado.

A ânsia de começar a caminhada era grande, o espírito de amizade também, encontrei amigos que já não via há algum tempo e outros que me fizeram uma surpresa, também eles iam a Fátima a pé.

De Peniche à Amoreira não houve grande dificuldade em caminhar, mas a partir daqui as dificuldades foram-se fazendo sentir, os pés começavam a dar os primeiros sinais de cansaço que à hora de almoço se revelavam em bolhas.

O almoço foi partilhado com a família que foi fazer uma visita e dar coragem. Tratadas as mazelas era tempo de retomar o caminho, recta de Tornada, subida e Alfeizeirão e três torres. Foi um tempo para reflectir e pensar o que fazia eu nesta caminhada de fé?

As respostas não surgiram logo, só nos 6 km de silêncio. Durante esse tempo os olhares cruzavam-se e cada um podia ver o outro de forma diferente. Muitos aproveitaram para meditar nos mistérios do terço, sentia-se o murmurar do coração. Como Maria devia estar contente, os peregrinos estavam a rezar o terço!!!

Neste percurso a oração teve mais sabor, as dores iam aumentando e as lágrimas também, mas ao mesmo tempo o coração ia sendo purificado, o sofrimento ganhava significado.

Alcobaça ainda ficava a alguns km e muitos sentiam em si as dores da caminhada, os pés começavam a dar sinais de exaustão. E o atalho revelou-se fatal para alguns. Aqui cantava-se na esperança de dar ânimo aos mais doridos, ajudei duas colegas a chegar a Alcobaça.

Depois do jantar foi tempo de tratar dos pés e das pernas e tentar descansar. Amanhã o dia seria longo, de caminhada e de alegrias.

Levantar e caminhar em Alcobaça parecia uma aventura, com uma bolha em cada pé e as articulações ao não colaborar. Pedi a Maria e a Jesus coragem e força para chegar. Eles ouviram a voz da minha súplica e senti que Deus só nos dá aquilo que podemos “carregar”, nem mais nem menos…

Depois de almoçar em Porto-Mós seguia-se a mais importante etapa de toda a peregrinação, subir a serra d’ Aire e chegar a Fátima. O sol brindou-nos com a sua presença e muitos precisavam da nossa ajuda. Lancei os braços e ajudei todos os que pude. Incentivando-os a não desistir pois Maria esperava por nós.

Que alegria quando cheguei ao cimo da serra, estava mais perto de Deus e senti as minhas energias renovadas. As dores pareciam diminuir.

São Mamede era a última paragem antes da chegada ao Santuario, tempo de vestir as t-shirt’s brancas e retemperar forças. Ainda faltava um pouquinho.

Aqui conheci e descobri novos amigos que também eles me ajudaram pois o cansaço já era grande. Ajudei-os e eles ajudaram-me, fizemos uma partilha de vida e de cristãos, falamos de Deus e da alegria da ressurreição, das actividades que desenvolvíamos.

A entrada no santuário foi indescritível, disse D. Anacleto, Bispo Auxiliar de Lisboa, que o escuro das nossas pernas simbolizavam a nossa ligação à terra e que o branco simbolizava a nossa ligação ao céu.

Encontrar Maria depois de 100 km foi uma sensação única. Poder agradecer o ter chegado e tantas coisas mais, fez brotar lágrimas em todos. Uma meta atingida com a ajuda de todos.

A chegada ao Verbo Divino foi feita com alguma dificuldade, nos pés haviam mais bolhas e a caminhada.

No dia seguinte a Festa da Reconciliação serviu para solidificar o que tínhamos aprendido na caminhada e para pedir perdão. Depois de Almoço tivemos a visita do Sr. Cardeal-Patriarca de Lisboa e de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar, que celebrou a Eucaristia e nos recordou “devemos ser no mundo, testemunhas da ressurreição”.

À noite fomos “deitar Maria” e seguiu-se o momento da partilha onde ouvimos testemunhos marcantes dos presentes.

No ultimo dia, tivemos a festa da despedida, tempo para dar uma lembrança a quem nos marcou nesta caminhada de fé!



Vim de Fátima uma pessoa nova, diferente, hoje vejo o mundo com outros olhos, talvez com os olhos do coração. Assisti ao nascer do dia e ao seu ocaso, como faço noutros dias, mas foi diferente, foi mais belo…



Que eu “deixe por onde for caminhando brilhante sinal da minha bondade!”



Um obrigado sentido a todos os prof.s de Moral e a todos os outros que nos apoiaram, ao nosso Director e subdirector, à organização, aos alunos e antigos alunos, a todos os que contribuíram para que a XXVª fosse “um milagre de fé!”



Bruno Correia

A. Aluno

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