quarta-feira, 28 de abril de 2010

Testemunho

A XXV… foi a quarta peregrinação a Fátima a pé em que participei, a terceira enquanto peregrina, mas foi a primeira nalguns aspectos: enquanto antiga aluna, tendo como principal motivação a procura de Deus, a busca de um reencontro com Ele e, é também, a primeira vez que dou o meu testemunho…
A verdade é que cada caminhada até à Mãe é única e por mais vezes que a faça, por mais palavras que utilize, existem muitas coisas que ficam por explicar, por dizer, por traduzir, mas vou tentar…
Caminhar até Fátima é uma experiência carregada de emoções e sentimentos muito intensos, uma limpeza espiritual… o facto de me afastar de tudo o que preenche habitualmente o meu dia-a-dia, o conforto, o stress… a par do sofrimento físico, da reflexão, da presença dos peregrinos, da oração, dos cânticos, do silêncio, das mãos, dos sorrisos, das lágrimas… posso dizer que é sem dúvida uma experiência que me aproxima de Deus, eu sinto a Sua presença junto de nós…
Mas a verdade é que não é nada fácil manter essa experiência viva, não é fácil segui-Lo não é por acaso que é a quarta peregrinação e que eu tive que ir ao Seu encontro, se fosse “só” ir a Fátima a pé (não querendo minimizar porque também não o faço de ânimo leve, hoje é dia 26/04 e quando fico muito tempo com a perna na mesma posição ainda me dói o joelho e fiz um total de 13 bolhas, se alguém fez mais diga-me para numa próxima fazermos competição ). E se para mim que até costumo dizer que sou “abençoada”, porque Deus nos últimos anos tem-me dado tantas provas da Sua existência, também não será fácil para muitos de vós, principalmente quando se passa do estatuto de aluno para antigo aluno, porque deixamos de ter os nossos queridos professores (eu só tive a Cristina, mas considero-os aos três meus professores) semanalmente a caminhar connosco… ficamos por nossa conta, entregues a uma sociedade em que não é fácil segui-Lo…
Assim, foi num acto de reflexão, que percebi que, absorvida pelo quotidiano, entrada no mercado de trabalho, concretizar uma pós-graduação e todos aqueles pequenos/grandes projectos de ambicionamos, Deus estava a assumir na minha lista de prioridades uma posição muito baixa para não dizer quase nula…
Mas como sou “abençoada” Ele dá-me sinais e um dos sinais foi o nome desta peregrinação “Viver a experiência de Deus” já fiz quatro e não me lembro de nenhuma ter este nome e era mesmo disto que eu estava a procura…
Agora faço o meu dia-a-dia como se tivesse em reabilitação, tipo alcoólica anónima ou ex-toxicodependente, um dia de cada vez, tentando mantê-Lo presente, dedicando-lhe algum tempo do meu dia através da oração (ainda falho uns quantos dias), dedicando-lhe alguns actos do meu dia-a-dia, na minha relação com o outro, na minha profissão (que é privilegiada nesse sentido).
Obrigada a todos os que permitiram e contribuíram para a realização deste evento que me proporcionou uma quarta oportunidade e ainda vou precisar de mais algumas para continuar a exercitar o meu “músculo” da fé como diz o P. Carlos e a quem agradeço por continuar a caminhar connosco com a “provocação” dos Domingos. Obrigada a todos os peregrinos os repetentes e os iniciados por terem aceite o desafio e por darem sentido a esta peregrinação.
Com saudade, esperança e carinho
Ana Rita C. Ferreira (Antiga Aluna)

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